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CONTINUANDO MEU TOUR PELO CERRADO( FINAL)
Data: 14/12/2023
Créditos:
TEXTO: SÔNIA DE FÁTIMA MACHADO SILVA
VOZ: NEURAL. Disponível em https://readloud.net/portuguese/brasilian/46-voz-masculina-ricardo.html

CONTINUANDO TOUR PELO CERRADO

 

Seguindo pela estrada, vou subindo o aclive. Subindo, subindo. O sol já castigando, pois, falando sério, estava de tontear calango e muito calor.

 

 

Bem, do meu lado esquerdo logo avistei o danadinho do pé de pequi já bem carregado com frutos verdes ainda. Estava bem em uma encosta íngreme, mas fui lá. O rei do cerrado merecia um click, claro. Acho lindo o pé de pequi, mas a fruta, experimentei ela madura uma vez e não gostei. Tem gente que faz frango com pequi, coisa e tal. Nunca experimentei. Uma vez fui na roça em dia de Ano Novo e meu cunhado (que já partiu tão jovem vítima de câncer) estava cozinhando uma panelada de pequi em uma trempe no quintal. Talvez eu volte a experimentar. Vamos ver. De qualquer forma o pé de pequi é belíssimo.  

 

( pequi)

 

Deixei o pequizeiro na encosta e segui pelo capinzal ainda molhado de orvalho. Peguei a estrada de novo. Agora falando sério, nunca vi tanto pé de araticum. À margem da estrada, no meio do cerrado. Todos com frutos. Colhi alguns para madurar, pois meu esposo adora. Aliás, falou que é de araticum, meu esposo não enjeita nadica de nada. Aliás todo ano em novembro eu colho araticuns. Ano passado fiz até bolo e mousse de araticum. Esse ano só a fruta mesmo e suco.

 

( araticum)

 

Outra coisa que, falando sério também, tem demais nesse cerrado é gravatá. Gravatá tem história para mim, pois desde menina a gente colhia o fruto novinho e cozinhava com açafrão.  Vagávamos pelo cerrado só para colher fruto novo de gravatá. Mas quando o fruto crescia e madurava, uau, era uma delícia e a gente não perdia nenhum que encontrava. Até hoje ainda procuro por gravatás com fruto novinho para cozinhar. Só nunca encontrei mais eles madurinhos.

 

( gravatá com fruto no ponto para cozinhar)

 

Seguindo pelo estradão, olha aqui, olha ali, deparei-me com o tal pé de fava d’anta. A gente também chama essa árvore de fava-de-arara. Tem demais nesse cerrado, mas nunca tinha observado de perto aquelas belíssimas flores amarelas. Só tinha reparado mesmo nas favas e quando menina ainda, em uns mandaruvás enormes, verdes e gordos que ficavam bem escondidinhos embaixo das folhas. Já levei cada susto.

 

( fava d'anta)

 

Logo à margem esquerda da estrada visualizei também um pé de pau-terra florido, embora ainda carregasse antigas vagens. A for amarela é belíssima. Tem uma história interessante sobre pau-terra. Um dia eu e meu esposo estávamos pedalando. Fomos de bicicleta até o sítio de uns tios dele. Mais de dez km. Em dado momento não passei bem, pois o sol estava muito quente. Senti enjoo e tive que parar de pedalar. Sentei-me sobre o cascalho e pensei que ia morrer. Então meu esposo que é sobrinho de raizeiro disse que folha de pau- terra era bom. Esmagou umas folhas e colocou na água. Bebi. Pois não é que minutos depois me senti nova em folha. Depois pesquisando sobre o assunto vi mesmo que as folhas são boas para problemas gástricos.

 

( pau-terra)

 

Depois fui seguindo estrada afora. Ela ia serpenteando margeada pelo cerradão, que falando sério, eu amo de verdade.

 

Às margens da estrada e a perder de vista, sempre as mesmas árvores e plantas se repetindo aqui, acolá. Entre elas uma planta baixa com as folhas brancas ou acinzentadas claras, não sei direito. Só sei que as folhas são aveludadas e me encanto sempre com aquela fofura toda em meio ao cerrado. Depois de muito fuçar no Google, cheguei à conclusão de se tratar da Oocephalus niveus. Não descobri nenhum nome popular. Enfim.

 

(Oocephalus niveus)

 

Já bem cansada cheguei em outra interseção em “Y”.  Virei à esquerda já que pretendia voltar para casa. Passei por um mata-burro e fui agora descendo devagar. Ao meu lado direito fica a lavoura de soja, mas que ainda não havia sido plantada em razão das chuvas estarem bem escassas esse ano. Aliás essa lavoura meu pai arrendou par uns vizinhos. Meu pai já partiu, eu e uma de minhas irmãs vendemos nossa parte para os tais vizinhos. Agora pertece a quatro de meus irmãos. Antes era um cerradão que só nesse lugar. Bem mais rico que o que sobrou. Enfim.

 

 

Descendo pela estrada , de meu lado direito visualizei uma linga embaúba com toda sua altura e  elegância. Fazia tempos que não via uma. Sempre me encantei com elas desde menina. Ficava imaginando como não quebrava com o vento, pois tinham o caule fino e eram mega altas. Podem chegar até a 15 metros de altura. Suas folhas então, que lindezas, parece um leque. Quando criança eu gostava de pensar que eram sombrinhas.

 

( embaúba)

 

Fui seguindo um leve declive e depois de uma curva já dava para avistar a casa de meu irmão. Mas não teve como, tive que parar para admirar um belo coqueiro solitário. Eu não tenho certeza, mas pela foto, conforme pesquisas , trata-se do coqueiro jerivá. Ainda não tinha cachos, por isso não teve como saber. Sei que estava belíssimo ali no meio do pasto.

 

 

Logo depois do coqueiro,  quase junto com cerca de arame farpado , estava o pé de jacarandá. Não estava mais florido, infelizmente. Geralmente floresce em setembro ou outubro. Suas flores são azuis arroxeadas. Quando floresce perde as folhas e se enche de flores. Assim que caem as flores, enche-se de novo de folhas. É chamado de jacarandá-mimoso. Porque, falando sério, suas flores são de fato muito mimosas.

 

( jacarandá)

( o mesmo jacarandá, quando florido há uns 2 anos)

 

E para fechar com chave de ouro meu tour pelo cerrado, paro por instantes para admirar o pé de baru já bem perto do mata-burro de chegada. Uma bela árvore copada.  Em novembro já não tinha mais fruto. Aliás o melhor dessa árvore é o fruto seco que a gente quebra e tem uma única castanha lá dentro.  Essa árvore possui vários nomes populares como coco -barata, castanha-de-burro, entre outros.

 

( pé de baru)

 

E assim termino meu tour pelo cerrado. Cheguei bem cansada para falar a verdade. Mas foi maravilhoso. Só espero não ter cansado vocês com essa minha narração e quantidade de fotos. Foi mesmo para terem uma ideia de onde fui passando.

 

 


 

IMAGENS ACERVO PROPRIO

PARA SABER SOBRE AS PLANTAS DA IMAGEM, CLIQUE NO LINK NA FRENTE DO NOME

PEQUI: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pequi

ARATICUM: https://pt.wikipedia.org/wiki/Annona_coriacea

FAVA D'ANTA: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dimorphandra_mollis

PAU-TERRA: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pau-terra

OOCEPHALUS NIVEUS : ?

EMBAÚBA: https://pt.wikipedia.org/wiki/Emba%C3%BAba_(%C3%A1rvore)

COQUEIRO: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jeriv%C3%A1

JACARANDÁ:https://pt.wikipedia.org/wiki/Jacarand%C3%A1-mimoso

BARU: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/64724803/arvore-do-baru-e-excelente-alternativa-para-cultivo-em-ilpf

 


PS.:  TEM O CONTO NARRADO EM ÁUDIOS. DA PRIMEIRA PARTE E ESSA SEGUNDA PARTE

 


 

Enviado por Sonia de Fátima Machado Silva em 14/12/2023
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