Caros amigos recantistas, boa noite. Já me disseram que sou uma pessoa que gosta de justificar tudo que faço. Acho que sim. Mas às vezes penso que tem coisas que precisam ser justificadas para melhor entender. Desse modo, quero justificar esse poema que fiz hoje e a imagem de fundo. Bem eles fazem parte de uma história linda e feliz e ao mesmo tempo triste por causa do momento atual que estamos vivendo, eu e minha família. Não sei se já contei aqui, mas minha mãezinha, há um ano e cinco meses luta contra um Gliablastoma Multiforme que é o câncer de cérebro mais agressivo que existe e sem chance de cura. Se a gente tinha alguma esperança ela morreu há três meses quando ela praticamente entrou em coma e praticamente só dorme, não fala, alimenta por sonda, enfim, está vegetando. Mas os médicos dizem que é assim mesmo os estágios finais da doença quando ficamos quase doidos tentando imaginar formas de curá-la. Até colocamos ela numa pesquisa sobre álcool Perílico no Rio de Janeiro. O médico pesquisador veio do Rio de Janeiro só para ver mamãe e liberar o remédio. Mas nem isso deu certo, além de outras tentativas. Esgotaram-se para ela as possibilidades e só Deus sabe o que fazer por ela. Então há um ano e meio quase estamos nessa luta. Eles viviam na fazenda e sempre faziam tudo juntos. Mamãe uma esposa e mãe exemplar, nunca reclamou de nada nessa vida nem mesmo depois de doente e tinha que fazer viagens longas até Barretos até novembro do ano passado quando mandaram ela para casa por não existir mais tratamento. Desde então não foi mais na roça, porque foi ficando cada vez pior. Meu pai então foi perdendo sua companhia, indo para a roça sozinho, revezando com meu irmão para cuidar de lá. Muito triste, pois são quase cinquenta e sete anos juntos, sempre fazendo tudo juntos. De repente tudo muda e mamãe não está mais lá na roça cuidando dele, de meu irmão. Não está mais lá varrendo as folhas do quintal como fazia todas as manhãs. Era um ritual que ela fazia de forma sagrada. Não está mais lá cuidando da horta de alfaces e tomates. Não está mais lá indo ao curral buscar o leite para ferver. E outras tantas coisas... Meu pai está tão triste e acabado. Se fica aqui na cidade, não suporta vê-la dia após dia dormindo. Se vai para a roça fica pior porque lá tem a presença dela em tudo, mas ela não está. Na semana que passou, meu pai mais uma vez foi para a fazenda para meu irmão vir ficar também um pouco com mamãe. Mas com setenta e sete anos, a gente preocupa de deixar ele lá e meu outro irmão foi ficar com ele. Muitas vezes surpreendeu meu pai olhando as coisas pensativo. Foi nesses dias, esse fim de semana que passou que meu irmão captou essa imagem acima da roseira. Foi algo surpreendente: uma roseira com duas rosas lado a lado. E trouxe para eu fazer um poema. Só que ele não me disse nada sobre o que ele notou e que o fez fotografá-la. Mas eu assim que vi, percebi também na hora a duas rosas unidas na roseira plantada por minha mãe. E logo pensei: as duas rosas juntas são meu pai e minha mãe. Coisa de Deus a mostrar que apesar de tudo, mamãe ainda está lá com papai. As rosas são a prova dos cinquenta e sete anos vividos. Foi algo lindo. E então hoje eu fiz o poema e choramos todos ao ler e ao pensar que o amor dos dois é tão grande que nada vai os separar, nem mesmo essa terrível doença de mamãe. Não é fácil tudo isso, principalmente para papai. Mas ao mesmo tempo Deus tem nos dado forças para seguir. Há momentos de desespero, de tristeza, de insegurança. Mas a vida tem que seguir enquanto mamãe dorme esperando que Deus a liberte de alguma forma. Por isso que às vezes desapareço daqui, porque não tem sido fácil. Enfim... Então hoje quis compartilhar aqui com vocês o poema, a imagem e essa história. Para quem quiser ouvir tem também a declamação do poema.
Boa noite caros amigos...
Enviado por Sonia de Fátima Machado Silva em 23/06/2017