Hoje domingo, 07 de maio de 2020, depois da missa em minha Paróquia Sant’Ana, via youtube, tomei uma xícara de café e olhei pela janela a segunda vez, exatamente às 8 horas e 10 minutos. Olho apenas quando me levanto. Mas hoje olhei a segunda vez, talvez para vê-las branquinhas no céu azul. Quando olhei a primeira vez, havia apenas neblina, elas não estavam lá e nem o céu era azul. Mas quando olhei a segunda vez vi aquela imagem azul e branca e meu coração saltou no peito e muitas coisas vieram à mente como a imagem de meu papai. Quis escrever um poema porque a imagem merecia um poema. Mas eu não estou inspirada para poemas nos últimos dias porque meu coração ainda está muito triste.
    Bem, na verdade, a imagem em si já é um poema. Mas eu queria um poema com palavras e então eu corri para buscar entre meus amigos poetas e o primeiro que encontrei foi Mário Quintana. Abri assim do nada na página 59 e me deparei com o poema “Presença”. E foi então que dentre os pensamentos dessa manhã eu senti mais ainda sua presença meu papai. Amanhã faz um mês que partiste e ainda não acredito nessa realidade.  Mas sua presença é mais forte que a ausência. Eu sinto isso. E então de repente estava ali, a imagem azul e branca das nuvens e o céu e a tua imagem meu papai naquele céu. É lá que te vejo meu querido papai. E apesar de triste, me alegro. E os versos de Mário Quintana são também para ti, porque não consigo escrever meu próprio poema hoje porque meu coração ainda está de luto. Você me entende, não entende papai?